Variabilidade Fenotípica e Genética do Peso Adulto e da Produtividade Acumulada de Matrizes em Rebanhos de Seleção da Raça Nelore no Brasil

Autor: Antônio do Nascimento Rosa

Orientador: Prof. Dr. Raysildo B. Lôbo

O objetivo deste trabalho foi estimar a variabilidade fenotípica e genética do tamanho adulto de matrizes a partir de informações extraídas da Base de Dados do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore coordenado pela USP, em Ribeirão Preto. O arquivo de trabalho foi formado incluindo-se rebanhos com no mínimo 50 matrizes criadas em regime de pasto em 34 fazendas localizadas em onze regiões de produção de gado de corte do país. O peso corporal, considerado como indicador do tamanho adulto (PADT), foi definido como o primeiro peso (kg) observado dentro do limite de quatro a doze anos de idade. A produtividade acumulada (PAC) foi calculada de modo a expressar a produção anual da vaca em termos de peso (kg) de bezerro desmamado. Decisões para a formação dos arquivos, tratamento e análise estatística dos dados foram feitas pela aplicação de procedimentos contidos no Sistema de Análise Estatística (SAS, 1995). Fazenda, ano de nascimento (1982 a 1993) e ano de realização da pesagem (1988 a 1997) foram as principais causas de variação para PADT, embora tenham sido também significativos os efeitos de situação à pesagem (normal, ao parto ou à desmama), ano*estação de nascimento (seca, de maio a outubro; ou das águas, de novembro a abril), estação da pesagem e ano*estação da pesagem (P <0,0001). Por outro lado, fazenda e ano de nascimento contribuíram significativamente (P < 0,0001) para a variação dos dados observados de PAC. As médias gerais estimadas por quadrados mínimos e os coeficientes de variação para PADT e PAC foram, respectivamente, 447 kg e 11% e 144 kg de bezerro desmamado/ano e 19%. As análises genéticas foram feitas pela aplicação do modelo animal, utilizando-se o aplicativo MTDFREML. O modelo incluiu o efeito fixo relativo aos grupos de contemporâneas (1.126 para PADT e 478 para PAC) e aleatório devido aos animais, além do erro. Para PADT, os componentes de variância genética aditiva, residual e fenotípica foram, respectivamente, 537,78 kg2, 1.553,22 kg2 e 2.090,59 kg2, correspondentes a uma estimativa de herdabilidade de 0,26. As predições dos valores genéticos para peso adulto considerando toda a população incluída na matriz de parentesco (17.039 animais), variaram entre –41,9 a +61,4 kg, com acurácias de 0 a 0,95, sendo o coeficiente médio de consangüinidade igual a 0,006, com valores entre 0,0 e 0,38. A aplicação do MTDFREML para PADT e PAC simultaneamente proporcionou estimativas de correlações genética e fenotípica de 0,18 e 0,07, respectivamente, sendo as estimativas de herdabilidades iguais a 0,26, para PADT, e 0,19, para PAC. As tendências fenotípicas, estimadas pela regressão das médias estimadas por quadrados mínimos sobre o ano de nascimento das vacas, foram todas negativas, quer para PADT (-8,2 kg/ano), quer para PAC (-0,05 kg bez. desmamado/ano). Por outro lado as tendências genéticas, estimadas pela regressão dos valores genéticos preditos sobre o ano de nascimento das vacas, foram positivas (0,416 kg kg/ano, para PADT e 0,045 kg bez. desmamado/ano para PAC). A produtividade acumulada apresentou uma relação quadrática com o peso adulto, tendo sido ajustada a regressão: PAC = -322,3612 + 2,0897PADT –0,0024PADT*PADT. A produtividade máxima de acordo com esta relação (138,4 kg bez. desmamado/ano) foi correspondente a vacas com peso adulto de 441 kg.

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